8 Comentários

Disclaimer: eu ainda não comecei a ler o livro, embora já tivesse ouvido falar - mas cada trechinho aqui só fortaleceu a minha vontade haha

Sobre este assunto, a coisa mais louca na minha opinião é a forma como nos tornamos capatazes de nossos próprios "conteúdos". Sou uma pessoa que posta pouco ou quase nada nas redes sociais ou mesmo em grupos, o que os jovenzinhos vão chamar de "low profile" rs ainda assim, me surpreendo quase todos os dias ao perceber que me cobro uma vida "instagramável". Tiro muitas fotos, que gosto de sentar depois e apreciar, ótimo. Mas sinto culpa, curiosamente, ao pensar que não estão sendo postadas. Fotografo o crescimento da minha filha sentindo que eu tinha a obrigação moral de postar estes registros para o mundo, como se estivessem sendo desperdiçados. Que loucura

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ago 11Curtido por crisdias

Essa engrenagem é tão complexa que cada vez mais a gente sente culpa em não "fazer nada".

Para além dos pontos que você tocou (a produtividade a todo custo, as redes sociais, a ideia completamente torta de "marca pessoal"...), acho que tem uma outra questão muito humana nessa nossa dificuldade (ou resistência?) em não fazer nada: quando estamos ociosos, a gente tem tempo para pensar. Pensar em profundidade, pensar em questões complexas, pensar nas nossas escolhas, nas nossas renúncias...

Talvez exista um certo conforto existencial em entrar nesse estilo de vida sempre em produção, mais fazendo do que refletindo (não que eu considere isso bom: se a gente não ta pensando, tão pensando pela gente).

((adorei seus comentários, vou atrás do livro pra ler e acompanhar))

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author

Sim. Sempre falei que boa parte do que me atrai em videogames é que estou "ocupado" sem pensar "nisso tudo que está aí". Focado na tarefinha da vez.

Seu comentário também me fez pensar em uma coisa que falamos no episódio sobre sociedade jovem cêntrica, de que "não fazer nada" devia ser um prêmio na aposentadoria, mas muita gente não aguenta.

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ago 11Curtido por crisdias

Adorei a ideia desse clube assíncrono! Gente, comentem muito pra ser divertido e enriquecedor!

Ótimo texto! Me trouxe muitas reflexões.. É muito curioso ver como a mesma introdução do livro impacta diferente em cada pessoa que lê. O trecho que me deixou mais pensativa foi: "Uma coisa que aprendi sobre atenção é que algumas de suas formas são contagiosas. Quando passamos muito tempo com alguém que presta muita atenção em alguma coisa, inevitavelmente começamos a prestar atenção nas mesmas coisas". Acredito que este trecho conecta muito com a questão de não ter tempo para pensar em profundidade, a questão da necessidade de ver o que todos estão vendo, vestir o que todos estão vestindo... Sem ser intencional fica difícil furar a bolha do ambiente e das redes que acaba levando todos para o mesmo padrão de escolha.

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ago 27Curtido por crisdias

Cris, cheguei até o livro pela tua indicação e tô me achando a nerd mais legal da sala por entrar nesse clube. Nada é muito por acaso, né? Há tempos venho pensando sobre esse assunto, sobre esse cansaço, te ouço muito falando sobre isso. Trabalho produzindo conteúdo e me identifico com essa dualidade, essa mistura entre o que executo no meu trabalho e o que sou, quase como se eu também precisasse ser um ppt ou um post. Esse trecho da intro [Os momentos mais felizes e realizados de minha vida foram quando eu estava completamente consciente de estar viva, com toda a esperança, dor e tristeza que isso acarreta para qualquer ser mortal] foi um dos que mais pegou pois esse tem sido meu principal exercício e também um mecanismo de defesa não intencional. Zero fácil de exercitar, pois contas a pagar, pressões 1000, mas assim com a autora coloca, um ensaio.

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ago 15Curtido por crisdias

Cris, obrigado por trazer esse livro! comprei hj...vou tentar colocar minhas considerações aqui. Só uma coisa...o preço do livro de papel estava o mesmo do kindle....doidera né....

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author

Isso aí é o Novo Normal. Como consumidor eu não gosto, por outro lado quem escreve segue recebendo o mesmo valor.

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founding

Falaremos juntos rssss

o ponto que mais me chama atenção na introdução é o questionamento sobre o que se considera por produtividade. Nesse contexto me pega um item que, não apenas nesse livro, mas de forma geral, não se questiona ou se dá posição a uma variável que considero importante: a Temporalidade do resultado desse tal “esforço produtivo”. Independente dos fatores imediatistas contemporâneos, na discussão sobre ser produtivo ou não, eu esbarro com as pessoas ignorando completamente isso. Normal? Talvez. Isso não é fruto apenas do sistema econômico vigente, mas de uma conjuntura mais ampla de como fomos nos moldando ao longo da evolução social.

Das partes que marquei nesse capítulo, essa é a que achei válida destacar aqui:

“Resistir no lugar é dar uma forma a si que não possa ser facilmente apropriada por um sistema de valores capitalista. Realizar isso significa se recusar a um rótulo de referência: nesse caso, um rótulo de referência no qual o valor é determinado pela produtividade, pelo potencial de sua carreira e pelo empreendedorismo pessoal.”

Destaquei justamente por ler e pensar que essa referência de valor, determinado pela produtividade, é contínuo e perpassa além do tempo do próprio produtor ... o que quero dizer é que, no momento que parece que estamos sem fazer “nada”, ainda assim produzimos, mas para outro tempo. Um tempo futuro, talvez. No instante que deixamos de consumir algo em excesso agora, poupamos para futuras gerações. Isso também é uma forma de produção, seja em qualquer aspecto. Produção cultural, científica, industrial, etc. A nossa tendência de medir produtividade apenas no tempo presente é limitante pq o nosso próprio tempo de observação é limitado.

Aí entra o gancho interessante, quando ela puxa a história do Velho Sobrevivente. A distinção mesmo que você cita sobre utilidade e valor podem ser classificadas como produtividade... o que muda é como observamos isso ao longo do tempo. Pra gente, produzir é algo pra hoje, no máximo, semana que vem. Para o mundo e para o futuro das outras gerações, produzir tem outro aspecto.

Não acho que só mudar o sistema econômico ou a dinâmica das redes sociais digitais muda isso. Mas para o nosso contexto, digitalmente acelerado, “fazer nada” está longe de ser improdutivo. Só não gera número no relatório da próxima semana.

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