Não temos vocabulário para falar de derrotas
E mais! Chegou o Clube de Cultura Boa Noite Internet
Nem tudo que cai do céu é sagrado.
— Jorge Ben Jor (via Os Originais do Samba)
Eu nunca tive uma conexão emocional com Jogos Olímpicos no mesmo nível que Copa do Mundo. Vivi as grandes aberturas épicas de outrora, como o Ursinho Micha de Moscou e a Mochila Voadora de Los Angeles. Torci pelas gerações do vôlei, comemorei vitórias no atletismo, mas nunca liguei o modo “Oba! Olimpíadas!”
Apesar disso, graças ao home-office, estou curtindo demais ver os jogos de Paris. É tipo Copa, mas é como se tivéssemos 10 jogos por dia, todo dia. Gostoso demais. Também é bom não estar mais trabalhando com publicidade e poder falar “Olimpíadas” quando eu sei que o certo é “Jogos Olímpicos Paris 2024™”. Sim, a gente era obrigado a colocar “™” nos posts descontraídos de Coca-Cola não só nos jogos de Londres 2012, mas também na Copa do Mundo da Fifa da África do Sul 2010™. Super natural mêo.
Eu vejo as competições com o computador no colo… trabalhando. No fim acabo não fazendo nem uma coisa, nem outra. Perco os grandes lances e demoro 10x mais para cumprir alguma tarefa. Mas esta dinâmica também me levou ao que vou chamar hoje aqui de “pensamentos olímpicos”, que nada mais são do que uma filosofia barata de boteco sobre nós e a sociedade.
Mas antes! Clube de cultura do Boa Noite Internet
Começa agora em agosto o Clube de Cultura do Boa Noite Internet, onde vamos acompanhar juntos alguma obra cultural e comentar o que achamos.
Na primeira edição, como já prometido, vamos debulhar o livro “Resista: não faça nada: A batalha pela economia da atenção” (que consegue ter dois pontos duas vezes no título!) da Jenny Odell. O título em inglês é bem mais divertido: How to do nothing, que, imagino, não ia causar tanto impacto em português quanto uma ordem de resistência. Enfim.
Vai funcionar assim: a cada novo livro (ou série, filme…) vou avisar quais capítulos do livro vou ler. Nesta rodada isto acontecerá amanhã, 1 de agosto, em e-mail separado. A partir da semana seguinte jogo minhas anotações da “etapa” aqui no boanoiteinternet.com.br, naquele formatinho de thread. Quem quiser ler junto, lê. Quem quiser só acompanhar os resumos e discussões, participa assim. O importante é ser feliz.
Se você comprar o livro usando o link acima eu ganho uma comissão. Mas se não quiser, tudo bem também. Eu mesmo devo usar como base a edição em inglês,, a que li no meio da pandemia e já está toda marcada no Kindle.
Como sempre, isso aqui é beta. Nunca fiz algo do tipo, então vou acabar esquecendo de alguma coisa. Mas assim é a comunidade Boa Noite Internet, a gente vai descobrindo junto.
As sessões do Clube de Cultura são um conteúdo a mais para quem apoia. Se você ainda não está nessa turma maravilhosa, aí está a sua chance. Parece que o Substack tem um jeito de separar as coisas para você só receber os e-mails do Clube se quiser, vou pesquisar aqui.
“Resista: não faça nada: A batalha pela economia da atenção” é um livro de Jenny Odell que explora a ideia de resistir à cultura da produtividade constante e à distração digital. Odell argumenta que o ato de “não fazer nada” não é uma forma de passividade, mas sim uma resistência ativa contra a economia da atenção, que busca monopolizar nosso tempo e foco. O livro convida os leitores a reconsiderar a maneira como gastam seu tempo, valorizando momentos de reflexão, contemplação e conexão com o mundo ao nosso redor. Através de ensaios filosóficos e reflexões pessoais, a autora propõe uma reconexão com nossos valores internos e o ambiente, incentivando uma vida mais plena e consciente.
Não temos vocabulário para falar de derrota
Foi emocionante ver a primeira medalha da história brasileira na ginástica artística em equipes, principalmente porque teve aquele ar cinematográfico de contas sendo feitas. “Quantos pontos a gente tem que fazer nessa rodada e o outro não fazer?” — para, no fim, tudo acabar em explosão de alegria.
O drama foi dramático. Logo no aquecimento, Flavia Saraiva machucou o rosto nas barras. No valendo foi a vez da Julia Soares cair da trave. Nessa hora os comentaristas da TV ficaram, qual é mesmo o termo técnico? Perdidinhos. Até aquele momento a aposta era de medalha de ouro. Sai pra lá Simone Biles! Ali as americanas já estavam abrindo vantagem, mas com uma queda daquelas não ia dar. No fim da trave o Brasil estava em sexto na classificação geral.
O pessoal da TV não sabia o que falar. O que, cá entre nós, é estranho porque o Brasil… mais perde do que ganha, né? Ainda assim, temos essa cultura de que só acompanhamos os esportes onde “nosso time” está vencendo. É a Fórmula 1 despencando em público depois da morte do Senna, virando evento de nicho, ou a loucura que é Copa do Mundo, a competição onde o Brasil tem mais chances de vencer. (e tem sido isso aí de uns tempos pra cá)
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