Aprenda a ouvir. Você não vai aprender nada se só você falar.
— Mike Krzyzewski
Antes de começar preciso deixar aqui o lembrete de que o nosso Clube de Cultura está comendo solto, comentando o livro Resista: não faça nada, da Jenny Odell, meu livro preferido de 2020. Eu leio, escrevo um resumo comentado e a partir daí vocês partem pra conversa direto no site do Boa Noite Internet, não precisa instalar nada. Não é preciso ter lido o livro para participar.
Dia 4 de agosto, logo ali semana passada e uma eternidade ao mesmo tempo, rolou a edição 2024 do TEDxBlumenau. Se você já acompanha esta newsletter há algum tempo, sabe que é um assunto praticamente obrigatório para mim, porque os dias de trabalho e convivência em Blumenau colocam minha cabeça em modo “o que isso aqui quer dizer sobre o mundo?”. Este ano não foi diferente — e acho até que se eu não escrevesse nada o pessoal lá ia me cobrar. 😂
(E se você chegou agora e não sabe, eu palestrei lá em 2019, fui mestre de cerimônias em 2022 e a partir de 2023 sou da equipe que prepara os palestrantes, o famigerado coach de palestra.)
Falar de TEDxBlumenau deve ser um dos meus maiores desafios como escritor: passar para você que não foi no evento o que significa viver aqueles 3 dias entre chegada, ensaios e evento. “Calma, é só palestrinha, cara.” Não é errado. Mas tampouco engloba tudo e cai naquele chavão do “você tinha que estar lá pra saber”. Tem que viver. Mas todo ano eu tento explicar.
Às vezes nem quem está lá há 10 anos consegue explicar. Existe uma pergunta que já virou piada entre o pessoal do evento: por que a gente (que nem mora em Blumenau) volta? É só alguém fazer alguma coisa engraçada, fofa, emocionante ou simplesmente biruta que vem o grito “É por isso que a gente volta!”, quase um bordão de programa humorístico do século passado. A resposta desta pergunta está na newsletter que escrevi ano passado, é a “resposta definitiva”. Este ano não vou tentar escrever uma nova versão, podem deixar.
Hoje vou falar de outra coisa: o poder de servir é porque a gente volta.
Uma das pessoas que ajudei a preparar este ano foi o Albino, que logo ganhou o apelido de Gigante Gentil. Provavelmente por ser carinha do TI como eu, ele ficou o tempo todo tentando achar o “código-fonte” do TEDx. Cada vez que ele via alguma coisa, virava para mim e dizia “Eu entendi” e descrevia seu achado, sempre certeiro. Nem todo mundo entende, mas o Albino foi uma das pessoas que entendeu. (e tá tudo bem, cada um vive seu TEDxBlumenau) Quem entende de verdade pergunta como faz pra voltar como voluntário no ano seguinte.
Vivemos em uma sociedade em que servir é para os fracos. Ter poder é ser servido. Ser rico é não ter que fazer nada pra ninguém, só o que queremos. Na bandeira da cidade onde eu vivo, a tal da maior metrópole da nação, está literalmente escrito “Não sou conduzido, conduzo” (Freud, explica). Mas… será que isso é sempre verdade? Sim, é.
Mas existem brechas no tecido da realidade onde, se você estiver prestando atenção, a polaridade do poder se inverte e quem serve é a pessoa mais poderosa da sala.
Ou talvez eu ainda esteja totalmente The Bear das ideias. Deixe-me explicar.
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