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Eu lembro que fiquei bastante confusa quando descobri, alguns anos após minha leitura de Sapiens, que Harari tinha sido cancelado. O que podia significar qualquer coisa, de "algum escritor discordou dele" até "ateou fogo em velhinhas na rua". E daí, vou confessar: não faço a menor ideia do motivo real, porque nunca fui atrás.

Se tiver de escolher, diria que sou uma pessimista otimista sobre a IA - acho que vai dar ruim, na verdade, acho que já está dando, mas não no sentido de acabar com a vida humana, e sim de aniquilar a nossa individualidade criativa, por assim dizer. Acredito que o trabalho de industrialização da cultura massificada que o capitalismo começou e vem mantendo, a IA está sustentando de maneira sublime. Tudo é uma cópia de uma cópia de uma cópia (já diria o roteiro de Clube da Luta...)

E é essa a minha maior preocupação em relação à expansão da Inteligência Artificial: estamos desaprendendo a pensar, a estruturar processos e a ser criativos. Se a criatividade surge da conexão de peças do nosso repertório cultural, e o nosso repertório começa a ser construído por cópias e pasteurizações, o que isto faz com a nossa capacidade criativa?

Tudo está cada vez mais similar, mais quadrado, mais massificado. Confiamos na IA para "facilitar" cada aspecto das nossas vidas a ponto de abdicarmos da nossa capacidade de sentar e colocar as nossas ideias no papel. É esse o meu maior receio.

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