đ§ VocĂȘ cria para pessoas ou para algoritmos? [Ă Sobre Isso #018]
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Internet, ano 2000: Criar para pessoas. Vou escrever para outros humanos lerem. Vou abrir o Netscape todo dia de manhĂŁ e visitar meus blogs e Geocities favoritos, tudo na lista de âmarcadoresâ.
Internet, 2020: Criar para algoritmos. Vou escrever (e fazer vĂdeos) de um jeito que agrade a mĂĄquina de distribuição, pensar em tĂtulo, thumbnail, trends⊠Porque senĂŁo ninguĂ©m vai ver o que criei e tudo terĂĄ sido em vĂŁo (e vou morrer de fome đ„Č).
Internet 2025: Usar IA para criar para algoritmos. âCriar conteĂșdoâ em grandes quantidades, para chegar a muitas pessoas e assim, quem sabe, ganhar fraçÔes de centavos.
Internet, 2030?: IA gerando conteĂșdo que vai ser clicado por IA. O fim da internet?
Foi nessa espiral meio Black Mirror, meio Gugu na banheira com Ibope ao vivo, que a gente mergulhou no episĂłdio novo do Ă Sobre Isso. Eu, GaĂa, Cata e Gui começamos pela pergunta mais simples (e talvez mais importante): quando foi que o algoritmo começou a mandar mais na gente do que a gente nele?
Porque uma coisa Ă© aceitar que as âredes sociaisâ (ainda sĂŁo sociais?) mostrem o que âas pessoas querem verâ. Outra, bem diferente, Ă© viver em função de agradar uma entidade invisĂvel â que ninguĂ©m entende, mas todo mundo teme. Tipo um deus grego da era digital. Caprichoso, misterioso, e muito, muito volĂĄtil.
Conversamos sobre palavras proibidas que derrubam vĂdeo, thumbnail testada como se fosse campanha polĂtica, truques de linguagem (ânĂŁo diga âclique aquiâ, diga âo link estĂĄ na telaââ). E claro, teve o Michel Alcoforado, porque se vocĂȘ quer bombar, vocĂȘ precisa citar o Michel Alcoforado. Eu nĂŁo escrevo as regras.
Mas calma, nĂŁo ficou sĂł na crĂtica e no clima pesado, nĂŁo. A gente tambĂ©m falou do outro lado. O lado em que o algoritmo Ă©, sim, Ăștil â quando te entende, te apresenta um livro bom, ou um criador que vocĂȘ nunca teria conhecido. O problema Ă© quando ele vira o chefe. Aquele que exige produção constante, performance eterna, relevĂąncia ou morte.
No fundo, Ă© (sobre) isso: a gente democratizou a criação, mas tambĂ©m a cobrança. A pressĂŁo de sempre ter que performar. E aĂ vem a dĂșvida â serĂĄ que a gente estĂĄ vivendo⊠ou sĂł tentando agradar o feed?
Se vocĂȘ jĂĄ se pegou mudando o tĂtulo de um post sĂł pra ver se âvai melhorâ, ou se sentiu orgulho porque seu TikTok entendeu âquem vocĂȘ Ă©â, esse episĂłdio Ă© pra vocĂȘ.
E se quiser dar aquela forcinha, compartilha. Não só porque ajuda a gente, mas porque é o tipo de coisa que o algoritmo gosta. E a gente, afinal de contas, também quer ser visto.