Sincericídio (ou: como virar bunda-mole)
Guia prático de como destruir sua carreira com poucas palavras.
A gente vive em um tempo de muito discurso e poucas histórias. E as histórias falam mais do que os discursos.
— Denise Fraga
Hoje eu me toquei que não sei surtar. Eu precisava muito de um surtinho, um ataque, uma crise de choro no chão do banheiro, ou quebrar alguns ossos dando soco na parede. Mas eu não sei surtar.
(… pausa dramática …)
Viu isso que eu acabei de fazer? O Alain de Botton (e mais um monte de gente) chama de oversharing. Já eu chamo de sincericídio, minha palavra inventada preferida, que aprendi com minha amiga (e leitora aqui) Juliana Constantino.
Sinceridício: s.m. a morte por falar mais do que deveria.
Tenho um sonho de um dia fazer um podcast com este nome, onde convidados irão hablar mesmo e ver suas vidas destruídas. Tudo culpa minha, eu, o Rei do Sincericídio.
É claro que o sincericida não crê estar fazendo nada de errado — pelo menos não na hora. Ontem mesmo ouvi de uma pessoa que não encontrava há tempos "Adoro seu humor no Braincast" e fiquei pensando que nem sempre estou tentando ser engraçado por lá.
Ou então quando, mês passado em um café, chamei as dinâmicas de design sprint de "o Uber da criatividade" e a pessoa do outro lado da mesa disse "ah, adoro seu humor ácido". Não era humor, é verdade! Me chamem para sprints, eu sinceramente gosto. Mas não deixa de ser o Uber da criatividade, onde você só me paga o km rodado — a parte de formar repertório eu que lute.
Autenticidade é perigosa e cara
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