Nossas máquinas masturbatórias (Nação dopamina, capítulo 1)
Quando o vício é “big business”
Admitimos que éramos impotentes perante o álcool — que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.
— Primeiro passo dos Alcoólicos Anônimos
Há duas maneiras de você encarar “Nação Dopamina”, especialmente a Parte I, que vamos cobrir esta semana. O primeiro sentimento é de çocorro, estamos perdidos. Isso porque a Dra. Lembke nos apresenta os mecanismos biológicos que levam aos vícios. Porque é isso que somos todos: viciados em alguma coisa. No meu caso, videogame. No caso dela, em “romances baratos”, começando com Crepúsculo e descendo cada vez mais na escala de qualidade. Ou como seu primeiro paciente apresentado no livro, o de pseudônimo Jacob, viciado em se masturbar desde criança, quando tudo era uma brincadeira. “Eles ainda não tinham aprendido a sentir vergonha” chegando até máquinas engenhosas conectadas a salas de bate-papo ao redor do mundo — e muitos relacionamentos destruídos no meio do caminho.
A busca por prazer — materializada principalmente no neurotransmissor dopamina, nossa protagonista do livro — está codificada no nosso corpo, porque isso era bom para nossa sobrevivência como espécie. O problema (como vimos semana passada) aparece quando deixamos de ser coletores de frutinhas em arbustos e passamos a criar coisas que disparam estes centros de recompensa. Saímos de “parabéns, você achou comida e não vai morrer de fome hoje” para “oba, você chegou no nível 1 milhão do Candy Crush. Mais uma rodada? Não perca sua sequência!”.
Demos certo como civilização, mas criamos uma armadilha dopamínica. “Nossas máquinas masturbatórias” como diz o título do primeiro capítulo. A natureza humana é falha e inescapável.
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