Resumo comentado: A crise da narração, parte 2
“A vida narrada”, “A vida desnuda” e “Desencantamento do mundo”
Está passando na sua porta a segunda parada de A crise da narração, de Byung-Chul Han, nos resumos comentados do Clube de Cultura do Boa Noite Internet.
Os capítulos da vez são:
A vida narrada, onde veremos como as histórias de nossas vidas foram fragmentadas para alimentar bancos de dados de big techs. É também o capítulo “mais Byung-Chul Han” até agora, onde reencontrei meu apreço pelo cara.
A continuidade da vida vem da nossa capacidade de unir os eventos entre nascimento e morte em uma narrativa coerente. Mas o ser humano moderno muitas vezes se isola, tentando lidar sozinho com a falta de sentido da vida. Esse isolamento cria na existência uma coisa parecida com a rigidez muscular — a grande metáfora do capítulo — uma rigidez que nos impede de nos conectar ao tempo de maneira mais ampla e significativa.
A vida desnuda, porque “uma vida desnuda é uma vida sem histórias para cobri-la”.
Em um mundo dominado por informações fragmentadas e redes sociais, perdemos nossa capacidade de criar significados através das histórias. Assim como Roquentin sentia náuseas ao perceber a existência despida de sentido, nós também nos debatemos com o vazio de uma vida que não consegue mais se transformar em narrativa.
Desencantamento do mundo, que trata como a troca de histórias por informação leva ao fim do encanto, do mágico. Já falamos de “desencanto” aqui na newsletter recentemente.
Nossa memória encontra conexões entre eventos aparentemente aleatórios e cria padrões de sentido. O fluxo constante de informações digitais ameaça essa capacidade ao transformar nossa memória em um ferro-velho caótico, uma pilha de dados sem ordem ou sentido.
E por falar em magia, ela acontece mesmo nos comentários. Não deixe de participar. No fim destes três capítulos de hoje, teremos chegado na metade do livro.
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Nos vemos,
crisdias