Próximo Clube de Cultura: Quatro mil semanas, Gestão de tempo para mortais
Nada melhor do que um livro sobre "produtividade" em um clube para quem não tem tempo de ler!
Este espaço de tempo que nos foi dado passa tão veloz e rapidamente que todos, salvo muito poucos, encontram o fim da vida justamente quando estavam ficando prontos para viver.
— Sêneca
Chegou a hora da próxima parada do Clube de Cultura Boa Noite Internet. O livro Quatro mil semanas: Gestão de tempo para mortais, do inglês Oliver Burkeman.
Da sinopse:
Vivemos numa era de demandas impossíveis, escolhas infinitas, distrações implacáveis e crises globais. E a maioria dos conselhos sobre produtividade, assim como outras mensagens modernas sobre o tempo, só piora as coisas. A busca por uma ilusória negação de limites nos deixa mais ocupados, distraídos e isolados uns dos outros ― ao mesmo tempo em que adiamos as partes verdadeiramente importantes da vida para algum lugar no futuro, que parece nunca chegar.
Quatro mil semanas é uma reflexão sobre o caminho alternativo de abraçar seus limites: voltar à realidade, desafiando as pressões culturais para tentar o impossível e, em vez disso, começar com o que é possível. É sobre fazer o que é realmente significativo em nosso trabalho e em nossas vidas, no entendimento claro de que não haverá tempo para tudo, e que nunca eliminaremos as incertezas.
Burkeman discute por que o desafio central da gestão do tempo não é se tornar mais eficiente, mas decidir o que negligenciar; por que, em um mundo acelerado, a paciência ― deixar as coisas levarem o tempo que levam ― é um superpoder; e por que, em condições de escolhas ilimitadas, preferimos fechar as portas a manter as opções em aberto. Ele reflete também sobre como resistir à sedutora atração das indústrias que prometem facilitar nossa vida, quando, na verdade, a pioram; como redescobrir os benefícios de rituais comunitários; por que é tão difícil “estar aqui e agora”, entre outros.
Conheci Oliver Burkeman no ótimo Manual antiautoajuda, que cheguei a chamar de “o livro que gostaria de ter escrito”, não por ser desmotivacional, mas por fazer uma análise crítica a todo o “senso comum” sobre autoajuda, a começar por “escolha ser feliz”. Tudo isso com o “famoso” humor britânico — Burkeman foi colunista do Guardian, onde, segundo sua bio, “escrevia sobre produtividade, mortalidade e o poder dos limites”.
Este livro é uma boa continuação do anterior, Resista, por criticar nossa sociedade sempre em busca de mais produtividade. Quatro mil semanas não vai nos ensinar a ser mais produtivos e sim mostrar como isso é praticamente impossível e, pior, como esta busca nos dá tanta ansiedade que ficamos menos produtivos, paralisados ou exaustos. (E, espero, falar também de como toda esta sensação é good for business.)
Já vi Quatro mil semanas indicado por algumas pessoas que admiro e quando estávamos arrumando as prateleiras aqui em casa a Anna mostrou uma edição dizendo “Você não vai querer ler esse livro de autoajuda aqui, né? Vou doar.” No que encarnei aquela cena de filme “nããããããooooo…”. Obrigado à Editora Objetiva por ter me mandado uma cópia muito antes de eu pensar em criar este Clube.
Como funciona?
A cada semana, às sextas-feiras, vou colocar no ar minhas anotações sobre o livro, com um link para o chat do Boa Noite Internet — que acontece direto no site, pra você não precisar instalar nada, ou no app do Substack pra quem já tiver. (Na edição anterior usamos os comentários do post, mas nesta vamos testar o chat, como um formato mais soltinho de conversa. Quem beber, verá.)
Se você não quiser ou puder ler o livro, tudo bem, é só ler o resumo e acompanhar a conversa.
O Clube é uma newsletter separada do Boa Noite Internet, para fácil acesso no site e também para que você possa cancelar o recebimento de e-mails caso não tenha interesse. Tudo já incluído no seu apoio, não se preocupe (e muito obrigado). Para ligar ou desligar as notificações do Clube é só ir na página de configuração do seu perfil, aqui.
A grande diferença deste para a edição anterior, de Resista, é que eu não li Quatro mil semanas, vou nessa jornada com você, desvendando, entendendo e, quem sabe até, no fim decidir que o livro nem é tão bom assim. 😂
Escalas
Quatro mil semanas é um livro de menos de 200 páginas, com capítulos curtos — provavelmente reflexo da criação de Burkeman como colunista. Por isso nosso cronograma pode parecer intenso, mas confia. São menos de 40 páginas por semana. Nem dez pagininhas por dia, você consegue.
Semana 1: Introdução e Primeiros Passos na Finitude (6 de setembro)
Leitura: Introdução e Capítulos 1, 2 e 3
Resumo: Começamos pela premissa central do livro — nossa finitude temporal — e exploramos como essa realidade molda nossas vidas. A introdução estabelece o tom, enquanto os primeiros capítulos nos convidam a abraçar nossos limites, questionar a busca incessante por eficiência e enfrentar nossa condição finita.
Semana 2: Redefinindo Produtividade e Propósito (13 de setembro)
Leitura: Capítulos 4, 5 e 6
Resumo: Aqui Burkeman desafia nossas noções convencionais de produtividade e procrastinação. Aprendemos a ser "melhores procrastinadores", exploramos o "problema da melancia" como metáfora para nossas distrações, e descobrimos o poder do "interruptor íntimo" em nossas escolhas diárias.
Semana 3: Repensando Nossa Relação com o Tempo (20 de setembro)
Leitura: Capítulos 7, 8 e 9
Resumo: Começando a Parte 2 do livro, o autor nos convida a uma mudança de perspectiva. Examinamos por que "nunca temos tempo realmente", aprendemos a estar mais presentes no "aqui e agora", e redescobrimos o valor do descanso em um mundo que glorifica a ocupação constante.
Semana 4: Navegando Desafios Modernos (27 de setembro)
Leitura: Capítulos 10, 11 e 12
Resumo: Nestes capítulos, enfrentamos desafios contemporâneos como a impaciência crônica, a pressão por constante movimento e a solidão paradoxal da era digital. Burkeman oferece insights sobre como navegar essas águas turbulentas com mais graça e propósito.
Semana 5: Encontrando Significado na Finitude (4 de novembro)
Leitura: Capítulos 13, 14, Posfácio e Apêndice
Resumo: Concluímos nossa jornada explorando a "terapia da insignificância cósmica" e a "doença humana" de buscar controle absoluto. O posfácio e o apêndice oferecem reflexões finais e ferramentas práticas para abraçar nossa finitude, transformando nossa relação com o tempo e, por extensão, com a vida.
Vamos nessa?
Como comentei no encerramento de Resista, fiquei muito feliz com o resultado da primeira edição do Clube. Confesso que achei que ninguém ia comentar e eu ia ficar falando sozinho, mas vocês trouxeram pontos de vista sobre o livro que não tinham passado pelo meu radar.
A primeira rodada também me vez ver o valor do “escrever enquanto leio” e, se você tiver tempo e disposição, recomendo que faça o mesmo. Esta prática aumenta muito a conexão e compreensão do texto. (Mas se quiser só ler o resumo, tudo bem também.)