O que você procura? (projetos e vida)
"A biblioteca dos sonhos secretos" não é um livro sobre livros, mas sim sobre projetos de vida. Este é o meu.
Quando sua pele não está em jogo, a apatia é a sua resposta.
— Beau DeMaio e Anthony Sellitti
Estava eu mexendo nos arquivos da grande pasta Boa Noite Internet e achei uma newsletter antiga falando do grupo de e-mail do Boa Noite Internet. Pra quem não é da velha guarda: quando começamos o apoio financeiro lá no comecinho de 2019, precisávamos de um lugar para conversar como comunidade. Qualquer outro podcast estava no Telegram. Mas não. Pô, Cris. Não tenho conta no Telegram. Mais um aplicativo de mensagem???
Fiz uma votação.
Venceu grupo de e-mail. Como faziam os txucarramãe.
Que foi legal por um tempo. As conversas, quase sempre, tinham profundidade e comentário. O problema é que o Zap matou o email, né? E o grupo foi caindo no esquecimento de todo mundo. Houve um tempo em que minhas "abas iniciais" do navegador eram meus Gmails, pessoal e corporativo. O app aberto sentado na privada matinal era o e-mail. Agora passo dias sem lembrar de ir lá ver. (sou um privilegiado, eu sei)
Mudamos para o Discord, que segue lá até hoje com ótimos papos (no momento a galera anda meio surtada com teclados mecânicos, mas aqui não julgamos). Logo virou "o melhor Discord", meu canto preferido da Internet.
Só que logo reparei que muita gente não migrou do e-mail para o Discord. Foi (praticamente) uma nova comunidade.
Então, por um lado, venho aqui lembrar que o Discord continua lá para conversas sobre vários assuntos. E que agora na Era do Substack temos novas maneiras de interagir, a começar pelos comentários do post, que estão fechados só para apoiadores por motivo de spam (e gente sem noção) e, ainda por cima, possuem aquele formato com o do Reddit onde dá para comentar-um-comentário.
Não quero que isso aqui seja eu falando sozinho para a imensidão. Seja no Discord ou no site, faça-se ouvir!
O que você procura?
Houve uma época em que a impressão era de que todo mundo no meu Instagram estava lendo A biblioteca dos sonhos secretos, da escritora japonesa Michiko Aoyama. E como eu não sou todo mundo decidi que não ia ler!
Em uma thread de terça passada comentei da minha "metodologia" de ler livros, que é começar vários, não me empolgar e deixar separado para, talvez, voltar um dia. Repetir até achar um que fique comigo.
Não tento domar meu gosto, tem livros de sucesso que não me pegam e outros que tempos depois até eu mesmo fico "Marrapais, por que você se interessou por isso?". E há também, é claro, livros que começam bem, mas depois se mostram apenas uma boa ideia que não fica de pé.
Sendo assim, na busca da próxima leitura, resolvi dar uma chance a Biblioteca, agora que a modinha parecia ter acabado.
E não é que o livro me pegou? 😬
Ele é organizado na forma de capítulos contados em primeira pessoa por personagens diferentes, cada um intitulado com o nome de quem vai narrar sua história, idade e "profissão": Tomoka, 21 anos, vendedora de roupas femininas; Ryo, 35 anos, contador em uma fábrica de móveis; Natsumi, 40 anos, ex-editora de revistas; Hiroya, 30 anos, desempregado; Masao, 65 anos, aposentado. O que deixa claro que a carreira e o momento de vida de cada pessoa carrega muita importância na história.
Cada um vai parar, de alguma maneira, em uma pequena biblioteca pública em um centro comunitário de Tóquio. Lá encontram a séria bibliotecária Sayuri Komachi, compenetrada no seu artesanato em feltro. Ela encara cada visitante e pergunta de maneira direta:
— O que você procura?
Ora, ora. Esta é a grande pergunta, não é mesmo?
O livro me fez repensar como eu vejo “projetos de vida”, incluindo indo contra algumas coisas que já falei no podcast. Vejamos:
Continue a leitura com um teste grátis de 7 dias
Assine Boa Noite Internet para continuar lendo esta publicação e obtenha 7 dias de acesso gratuito aos arquivos completos de publicações.