O mundo “Cadê? Achoooou!”
Resumo comentado, “Amusing ourselves to death”, capítulo 5
Água, água por toda parte. E nenhuma gota para beber.
— Samuel Taylor Coleridge
Quantas notificações você já recebeu no telefone hoje? Uma mensagem no WhatsApp sobre algo urgente que podia esperar? Um alerta de notícia sobre uma declaração polêmica que já vai ser esquecida amanhã? Uma curtida no Instagram que dispara uma pequena dose de dopamina. Plim! Plim! Plim! Cada notificação é uma batida na porta da sua atenção, exigindo entrada imediata.
Vivemos com medo de perder alguma coisa. FOMO, fear of missing out, medo de “ficar de fora”, virou diagnóstico geracional. Precisamos saber em tempo real o que Elon Musk tuitou — e, por isso mesmo, ele publica um absurdo por dia —, qual ministro caiu, quem famoso morreu. Como se nossa vida dependesse disso. Como se não saber agora fosse ficar para trás numa corrida que ninguém sabe exatamente para onde vai.
Mas aqui vai uma pergunta bem Neilpostmaniana: quando foi que trocamos “saber sobre” por apenas “saber de”?
Saber sobre alguma coisa significa entender contexto, causas, consequências. É poder explicar, questionar, conectar com outras ideias. Saber de algo é só… saber que existe, saber o fim, não o começo, a lista de afluentes do Rio Amazonas sem entender por que lá o clima é assim. É a diferença entre entender a crise climática e “tá calor hoje”. Entre compreender a política monetária e saber que “o dólar subiu”.
Neil Postman o ponto de virada entre estas maneiras de pensar em 1844, com a invenção do telégrafo. Antes, toda informação viajava na mesma velocidade que as pessoas. Uma carta demorava o mesmo tempo que uma carruagem. Uma notícia importante viajava com quem a carregava. Informação e transporte eram inseparáveis.
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