Os estudantes entram no curso de psicologia querendo aprender tudo sobre suas mentes, mas no fim das contas os professores acabam ensinando sobre todos os estudos relacionados à estrutura da memória de curto prazo ou diferentes tipos de neurotransmissor. Tenho uma forte convicção de que se você quer saber como é estar casado, criar filhos ou ir para a guerra, é melhor recorrer a um bom romance, ou até mesmo a um bom filme ou série de TV, do que a um livro didático de psicologia.
— Paul Bloom
Sou um medroso assumido quando o assunto é filmes de terror. Sempre que alguém fala em ver alguma coisa do gênero respondo “não posso, eu faço xixi na cama”. Me afeta mesmo, tenho pesadelos. Não gosto de filmes “de susto”, com coisas que pulam na tela. Nem é pelo susto, é por todos os outros momentos em que estou esperando alguma coisa pular. “Aiaiaiaiaiai, é agora…” Piores são os “sobrenaturais”.
Quando vimos O Chamado (vulgo “o filme da Samara Seven Days”) eu parava a cada cena para ir no banheiro. A Anna tentou me dar apoio no começo, mas lá pela vigésima interrupção passou só a me zoar. Eu não sabia nada sobre o filme e, pelo menos na versão que vimos, a original japonesa, “nada” acontece até o final. Mas isso quer dizer tudo acontece, porque o filme fica o tempo todo dizendo “é agora” e as coisas acontecem na minha cabeça.
Ainda por cima, não precisa de muito para me meter medo. Um dos filmes que mais me pegou foi o tosquíssimo Fim dos Dias, com Arnold Schwarzenegger e Gabriel Byrne no papel do Diabo em pessoa.
Em Nova York, 1979, nasce uma criança com as marcas que as escrituras apontam ser do Anticristo, o que deixa o Vaticano bastante preocupado. Vinte anos depois, essa criança (uma menina) é perseguida por Satanás, e só um destemido policial poderá ajudá-la
Eu me borrei todo. Com isso aí. Era 1999, o ano em que, segundo as profecias da minha infância, seria O Último. O fim do mundo. Pouco importa que eu já tivesse 26 anos de idade, a combinação “fim do mundo”, “anticristo” e “Satanás” me pegou forte. Ou talvez meu problema seja com o Gabriel Byrne, já que outro filme dele, Stigmata, também machucou onde dói. No caso, meu passado católico-suburbano-carioca. (Stigmata, ainda por cima, tem passagens no Brasil.)
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