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(Minhas) conclusões sobre “Amusing ourselves to death”
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(Minhas) conclusões sobre “Amusing ourselves to death”

Um longo caminho de 1985 até aqui. O que aprendemos?

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crisdias
jul 04, 2025
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(Minhas) conclusões sobre “Amusing ourselves to death”
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O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens.
— Guy Debord

Qual é a função de quem escreve sobre o futuro? Acertar previsões e ganhar o direito de dizer “eu avisei”? Ou o objetivo é outro? Nem Orwell, nem Huxley — nem Postman — escreveram para isso. Escrever é imaginar futuros, um exercício de alerta, não de vaidade profética. O valor não está em prever com exatidão quando o céu vai cair, mas em fazer as pessoas olharem para cima.

Lendo este livro quarenta anos depois, me sinto como Postman fez ao buscar Platão ou John Dewey. Ele foi ao passado para entender seu presente. Agora sou eu que vou até ele, em 1985, tentando decifrar este nosso 2025, onde o entretenimento não apenas venceu — se tornou a própria linguagem da realidade.

Mas muita coisa mudou de 1985 para cá.

Quando Postman escreveu Amusing ourselves, o homem mais rico do mundo era um magnata imobiliário japonês chamado Yoshiaki Tsutsumi, com fortuna de 20 bilhões de dólares (uns 60 bilhões hoje). Hoje é Elon Musk, com mais de 300 bilhões — não vendendo prédios, mas promessas tecnológicas. Em 1985, Musk tinha 14 anos, Mark Zuckerberg era um bebê de um ano, e Sam Altman acabava de nascer. Hoje, aos 54, 41 e 40 anos respectivamente, eles moldam como bilhões de pessoas se comunicam, trabalham e até mesmo pensam. A riqueza migrou do concreto para o virtual, do tijolo para o algoritmo. (E nem precisamos de Metaverso.)

O Brasil em 1985 tinha 30% da população trabalhando na agricultura. Hoje são menos de 9%. Éramos 136 milhões de pessoas tentando construir uma democracia depois de duas décadas de ditadura. Agora somos 216 milhões navegando entre memes e desinformação. Os Estados Unidos cresceram de 238 para 331 milhões no mesmo período, mas a transformação brasileira foi mais radical — saímos do campo para a cidade, da enxada para o smartphone, muitas vezes pulando etapas que outros países levaram gerações para percorrer.

Quando Postman publicou seu livro, quarenta anos tinham se passado desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Olhar de 1985 para 1945 era ir da televisão colorida para o rádio valvulado, do shopping center para o racionamento de guerra. Aquele conflito inaugurou a era que Postman analisava, com suas promessas de progresso tecnológico e prosperidade infinita. Vivemos em uma fase de transição, como sempre.

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