Memórias: o que fazer com elas?
Mais um ensaio que eu podia ter transformado em podcast, mas joguei aqui.
Ser escritor é a melhor maneira que conheço de ser pago por ser louco.
— Frederick Bachman
Toda hora eu penso nela: “A traição das imagens”, quadro de 1929 do surrealista belga René Magritte. Ela já até apareceu aqui na newsletter, se duvidar mais de uma vez.
Em 1929 o mundo vivia uma fase de transição, como sempre. A Grande Guerra, a crise financeira, a tecnologia impactando o trabalho e as artes. Magritte diz “isto não é um cachimbo” e todos nós gritamos de volta. “É sim! Tá achando que é o quê? Um papagaio?”. Mas é claro que não é um cachimbo. É só um desenho de um cachimbo. Ou 6 milhões de luzes microscópicas arrumadas em sequência conforme as instruções de um arquivo digital criado a partir de uma foto de um desenho de um cachimbo. A coisa identificada pela nossa mente como o nome “cachimbo”.
Hoje mais cedo estava pensando no passado recente. É isso que fazemos sempre, tentamos adivinhar o futuro usando dados do passado. (Que nem o ChatGPT). Lembrei de quando vimos aqui em casa a série Sweet Tooth, em pleno 2021, e como ela me marcou. Afinal de contas, mostrava a vida “depois do fim do mundo”. Nela, os “heróis” são os que sobrevivem mesmo quando o mundo acaba. Pensei então em como a série não teve o mesmo impacto quando fomos seguir vendo outro dia, chocados em descobrir que mais duas temporadas já tinham saído. Agora é só mais uma série de futuro distópico onde é mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo.
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