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Comunidade (Religião para ateus, capítulo 2)
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Comunidade (Religião para ateus, capítulo 2)

Nos venderam solidão e a compramos alegremente.

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crisdias
mai 02, 2025
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Comunidade (Religião para ateus, capítulo 2)
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Os homens constroem muitos muros e poucas pontes.
— Dominique Pire, ao receber o Nobel da Paz em 1958

Se o capítulo um foi aquele que nos apresentou o problema e a direção da solução (como todo bom capítulo de abertura), o capítulo 2 de Religião para ateus fala, para minha alegria, da coisa que acredito ser a mais valiosa em uma religião: comunidade. Precisamos de mais comunidade em um mundo que nos isola e vende isso como uma coisa boa.

Vivo repetindo que odeio estar na posição do “antigamente é que era bom” — porque não era. Vivemos em uma sociedade cada vez mais individualista, privatizada, e O Sistema usa as coisas ruins das comunidades para justificar este isolamento que, no fim, é só “good for business”. Se não há comunidade, só nos resta colocar o trabalho como o centro da nossa existência.

É só que compramos demais o discurso do “ninguém manda em mim” (que também será explorado no Capítulo 3). As casas não abrigam mais gerações e gerações de parentes, agora é a família nuclear: papai, mamãe, filhinhos. E olhe lá, porque começam a aparecer os “casais com endereço separado” — um grande privilégio de gente rica, tudo bem. O movimento da não monogamia significa um monte de coisas (não estamos aqui para falar delas), mas não dá para negar que a liberdade individual é um ponto forte. Faço o que quiser, com quem quiser, você também vive do mesmo jeito. Tem várias coisas boas, mas todas no campo individual.

A coisa é pior ainda nos EUA, onde o capitalismo “venceu”. Aos 18 anos, os jovens são incentivados a sair de casa para viver em universidades distantes. Eles que se virem. Os pais que se virem. Quem segue morando em casa é visto como perdedor, alguém que teve que sacrificar sua individualidade em nome da comunidade familiar.

As relações (amorosas ou não) vão virando transações. Não há mais “quero ter um plano de vida com você” e sim “o que eu tenho a ganhar com isso?”. Sai a comunidade, entra o grupo de networking.

Comunidade

Uma das perdas que a sociedade moderna sente de forma mais aguda é a do sentimento de comunidade.

Vivemos cercados de anonimato, no lugar daquela antiga boa vizinhança. Procuramos contato humano só quando há algum ganho individual. Nossa nostalgia aparece tanto na dificuldade em ajudar quem precisa quanto no hábito de ignorar quem cruza nosso caminho. Nas grandes cidades, acabamos presos em bolhas — de classe, profissão, formação — e passamos a enxergar os outros mais como ameaça do que como parte de um todo acolhedor. Falar com estranhos virou exceção, e fazer novos amigos depois dos trinta, quase um milagre.

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